terça-feira, novembro 23, 2010

Padrão

Tendo em conta que foi este poema que deu a origem ao blog, fazia aqui falta como a mãe aos filhos.

O Padrão

O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para deante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por fazer é só com Deus.

E ao immenso e possível oceano
Ensinam estas quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.


domingo, novembro 21, 2010

Apontamentos

Começou um novo ciclo, mas os desafios permanecem iguais. Para aqueles que se iniciam no meio académico, gostaria de deixar algumas palavras. Mas, antes de começar, quero agradecer aqueles que, em tempos idos, me legaram os seus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, professores, colegas, família e amigos. A todos, o meu muito obrigado. Foi um prazer.

A minha formação terminou. Mas a aprendizagem não. Longe disso. Ninguém pode ser arrogante ao ponto de dizer que não tem mais nada para aprender. É um exercício perfeitamente escusado estar a falar em casos específicos, não vou assumir que conheço as especificidades de cada curso ou o percurso de cada pessoa.

Quero apenas deixar algumas palavras para reflexão.

1. Somos uns privilegiados. Nunca os nossos pais e avós (principalmente as mulheres) tiveram as oportunidades que nós temos de estudar. Há apenas 50 anos, aproximadamente dois terços da população portuguesa não tinha qualquer nível de ensino (terminado a 4ª classe). Só para terem uma vaga ideia, os caloiros que estão a entrar para a universidade têm, em média, mais 10 anos de escolaridade (mais de metade das suas vidas) dedicados aos estudos do que estas pessoas. Vocês fazem parte de uma pequena elite de 15% da população que teve acesso ao ensino superior. Mas não se esqueçam que a vossa estadia também está a pesar nos ombros daqueles que não tiveram posses para pôr os seus filhos na universidade. Façam por merecer.

2. É importante encontrar um equilíbrio entre o ócio e os estudos. Não têm de passar os dias a estudar nem a destruírem-se. Cada coisa a seu tempo. É importante que aproveitem ao máximo esta fase da vossa vida para se instruírem. Tempos difíceis esperam o país e temo que o ensino superior não vá sair ileso. É provável que as
propinas aumentem, as bolsas diminuam e as vagas escasseiem. Não desperdicem tempo ou boas oportunidades.

3. Sejam exigentes. O ensino é um dos sectores onde os “clientes” são pior tratados, pagam muito, comem e calam. Se virem que não são instruídos como deve ser, se os planos curriculares ou métodos de avaliação não forem decentes, façam barulho. Têm o direito e o dever de o fazer.

4. Conheçam pessoas novas. Existe uma amálgama de gente diferente na universidade, de várias regiões, outros países, com diferentes costumes. Contactar e conhecer adiversidade irá dar-vos uma perspectiva mais abrangente do mundo plural em que vivemos.

5. Mantenham-se activos. Dentro e fora das aulas há sempre actividades, projectos e ideias à espera de alguém para lhes deitar a mão. Tudo o que vale a pena requer trabalho, nunca é demais repetir isto. E sejam pacientes. A paciência é o mais árduo dos cultivos. Mas é certo que também gera os melhores frutos.

Não se fiquem pela mediocridade pois esta é vossa rampa de lançamento para o futuro. Até agora isto foi a feijões. O jogo a sério começa a seguir. E o “a seguir” chega muito mais rápido do que imaginam.

Crónica publicada no ComUM Online.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Quinto Aniversário

Volvidos 5 anos sobre o início deste blogue convém tecer algumas considerações.

Muita coisa mudou. Mesmo. Não é só o tempo que erode a pele, é também o saber, o estar e sofrer de quem cá anda e cá andou. As mudanças são de fundo.

Quem deu início a este blogue não é a mesma pessoa que vos escreve agora. Olhando para trás, vejo um estranho. Talvez a nossa vida não seja um caminho, mas uma série de trilhos, feitos por várias pessoas.

Estou a uns potenciais dois meses de subir mais um lanço nesta longa escada. Suspeito que tudo isto seria impossível (ou insuportável) sem vós, seus palermas. Compadres (e comadre), esta é para vocês: