terça-feira, julho 18, 2006

Exames, falta de tempo e afins...

Tempo Imperfeito

I

Erro sem destino, perdido,
Complexamente desnaturado,
Desdenho e venero o abrangente,
E comove-me o absurdo...

Eu verso sem querer rimar,
Sem vontade nem paciência,
Em distracção só e abstracta,
Transmutação inerte de ser.

Adaptação e sublevação constantes,
São os meus dogmas camaleónicos,
Inerentes ao meu espírito latente,
Convecção entre o sonho e a alma.

II

Numa agreste solidão sentida,
Olho-me de lado e não me vejo,
Vejo-me e não me reconheço,
Findo eternamente sem tombar.

Encosto-me à vida inseguro,
Sou fracção de um polimórfico,
Com futuro estagnado, imóvel,
Fatigado de existência penosa.

O tempo medido é preciso,
Pelos relógios, criação nossa,
Mas nós, Efémeros Imortais,
Vivemo-lo com sentidos rombos.


III

Alheio á vida e ao sentir,
Neste planalto de vivência,
Com grave tontura de cair,
Viver é uma amarga ciência.

Descola... e parte o Tempo!
Com celeridade, impetuoso!
Esbatem-se as cores num momento!
Deixando um outrora talvez indecoroso!

E um minuto está passado!
E eu deixo-o com respeito,
Aquele bem e mal amado:
O nosso Tempo Imperfeito.


Jacinto
Cardoso

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