segunda-feira, outubro 16, 2006

Ensaio II

-TE MT


Na via rápida passando por baixo dum viaduto, ficam para trás letras pintadas no betão, perdidas no tempo: -TE MT. A pergunta é incontornável: -te mt o quê? Eis o mistério residente. Uma questão implícita em cada um de nós. Um sujeito camuflado e um complemento directo. Nada de predicado. Que predicam vocês, e por quem? Neste rascunho estão todas as possibilidades: amo-te, odeio-te, ignoro-te. Personalizem as vossas escolhas, plantem apostas, a tinta persistirá por muitos anos, mas o destinatário não. Sejam lestos e certeiros. O hábil pintor inconsciente do seu crime, reuniu numa só expressão, a certeza dos convictos, a dúvida dos inseguros e o pesadelo dos solitários. É esta a sua dádiva, é esta a sua cruz. Haja ajuda no Reino dos Céus, que cá em baixo é cada um por si...


domingo, outubro 01, 2006

O Muro (actualizado)

Camaleonicamente, vou rebater-te sem cessar. Os meu olhar será espelhado e a cada grito teu ouvirás igual resposta, em eco. Como jogar ténis contra um muro. Não podes ganhar, não podes empatar. Só desistir e perder. Vais derrotar-te e não vai ser bonito. Do teu sangue obterás de beber e tempero para a comida. Alimenta o espírito para futuras batalhas, que só são poucas e ténues para os fracos. De que raça és? Quem te acompanha, a Vida ou a Morte? Precisas de te derrotar para descobrir essas respostas. Continua a jogar. Luta. Ou então olha para outro lado e esquece. Mas aí não serás mais que brisa, que é agradável para quem transpira. Mas ninguém transpira sempre. Há coisas melhores que a brisa. Qualquer um consegue brisa. Tu consegues ser mais. Se conseguires, eu perdoo-te. Até lá, vou jogando contra outros...


Jacinto Cardoso