Mostrar mensagens com a etiqueta Ensaios. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ensaios. Mostrar todas as mensagens

sábado, maio 14, 2011

Fantasia

A turbulência política dos últimos tempos tem-me deixado um pouco desconfiado da capacidade de discernimento da população portuguesa em geral. Alguns tópicos, como a ajuda externa, a intervenção do FMI e a actuação do actual governo dividem as opiniões de uma forma bastante "descompensada". Tirando o último tópico, em que cerca de 80% dos portugueses culpam José Sócrates pelos erros da governação, a verdade é que os portugueses se mostram completamente divididos em relação a alguns problemas que afectam o país. É que mesmo neste assunto da governação, apesar de culparem o primeiro-ministro, o PS continua a mostrar resistência nas sondagens.

A vitória do PS começa a parecer um cenário bastante provável, apesar de não se saber com quem é que se vão coligar para formar governo. A verdade é que se tornou muito difícil, para o cidadão comum, perceber o que é que as propostas do PS têm de errado. Quando o primeiro-ministro diz que quem não aposta na Educação (note-se que apostar significa investir, em politiquês) quer acabar com ela, é preciso ter alguns estudos e formação para perceber que não é bem assim. As medidas educativas (ou mesmo noutras áreas) não funcionam a duas velocidades, apenas podendo optar-se por atribuir fundos ou retira-los. Existe toda uma panóplia de modelos e estratégias que podem ser adoptadas. Mas o essencial é que a mensagem do PM é suficientemente simples para ser entendida: Quem não está por esta Educação está contra a Educação. Como se o actual estado de coisas fosse o único possível.

É claro que as "ferramentas mentais" necessárias para desmontar esta farsa não estão ao alcance de todos. David Justino, antigo ministro da Educação, descreveu, no seu livro "Difícil é Educá-los", algumas características dos alunos portugueses referindo-se, neste capítulo, aos resultados dos testes PISA (destaques meus):

Ainda que centrados sobre as disciplinas de Matemática e Português, esses problemas (presentes nos testes) tendem a identificar determinado tipo de aprendizagens que são extensíveis às restantes disciplinas.

Em primeiro lugar, destaca-se o facto de os alunos portugueses apresentarem melhores resultados nos saberes que exigem menor elaboração cognitiva, ou seja, onde se limitem a reproduzir conhecimentos, a aplicar procedimentos de carácter rotineiro e a recorrer a raciocínios simples. As dificuldades identificam-se ao nível da capacidade de desenvolver raciocínios mais complexos, na resolução de problemas, especialmente quando têm de aplicar os conhecimentos adquiridos a situações menos usuais.

Todos os estudos revelam que os alunos portugueses conseguem melhores resultados nos itens que testam os conhecimentos adquiridos, no domínio de procedimentos e na compreensão dos conceitos utilizados. Pelo contrário, as dificuldades surgem na compreensão de textos não narrativos, na interpretação e resolução de problemas matemáticos e na capacidade de raciocínio complexo, desde a análise à síntese ou ao raciocínio inferencial.

No caso da matemática, essas dificuldades aumentam quando se trata de questões relacionadas com a geometria e a visualização e o estudo das formas no espaço, ou no caso das fracções em comparação com os resultados obtidos com os números inteiros. A capacidade de abstracção é claramente mais reduzida.

Parece-me que esta manifesta falta de capacidade, para pensar os problemas com que o país se depara, pode vir a ser o principal entrave à regeneração da política portuguesa. Ainda que possa parecer uma minudência, este "defeito" português repetido milhares de vezes, durante décadas, pode levar à falta de critérios e de racionalidade necessários ao bom funcionamento da Democracia. Talvez isto explique a incapacidade de existir debate sério em Portugal (debater implica perceber a posição defendida pelos outros, colocando-nos na posição dos nossos adversários, algo que requer bastante capacidade de abstracção) e a propensão que os portugueses têm para a fantasia, levando-os mais para o "irrealismo" político do que para o idealismo propriamente dito.


domingo, novembro 21, 2010

Apontamentos

Começou um novo ciclo, mas os desafios permanecem iguais. Para aqueles que se iniciam no meio académico, gostaria de deixar algumas palavras. Mas, antes de começar, quero agradecer aqueles que, em tempos idos, me legaram os seus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, professores, colegas, família e amigos. A todos, o meu muito obrigado. Foi um prazer.

A minha formação terminou. Mas a aprendizagem não. Longe disso. Ninguém pode ser arrogante ao ponto de dizer que não tem mais nada para aprender. É um exercício perfeitamente escusado estar a falar em casos específicos, não vou assumir que conheço as especificidades de cada curso ou o percurso de cada pessoa.

Quero apenas deixar algumas palavras para reflexão.

1. Somos uns privilegiados. Nunca os nossos pais e avós (principalmente as mulheres) tiveram as oportunidades que nós temos de estudar. Há apenas 50 anos, aproximadamente dois terços da população portuguesa não tinha qualquer nível de ensino (terminado a 4ª classe). Só para terem uma vaga ideia, os caloiros que estão a entrar para a universidade têm, em média, mais 10 anos de escolaridade (mais de metade das suas vidas) dedicados aos estudos do que estas pessoas. Vocês fazem parte de uma pequena elite de 15% da população que teve acesso ao ensino superior. Mas não se esqueçam que a vossa estadia também está a pesar nos ombros daqueles que não tiveram posses para pôr os seus filhos na universidade. Façam por merecer.

2. É importante encontrar um equilíbrio entre o ócio e os estudos. Não têm de passar os dias a estudar nem a destruírem-se. Cada coisa a seu tempo. É importante que aproveitem ao máximo esta fase da vossa vida para se instruírem. Tempos difíceis esperam o país e temo que o ensino superior não vá sair ileso. É provável que as
propinas aumentem, as bolsas diminuam e as vagas escasseiem. Não desperdicem tempo ou boas oportunidades.

3. Sejam exigentes. O ensino é um dos sectores onde os “clientes” são pior tratados, pagam muito, comem e calam. Se virem que não são instruídos como deve ser, se os planos curriculares ou métodos de avaliação não forem decentes, façam barulho. Têm o direito e o dever de o fazer.

4. Conheçam pessoas novas. Existe uma amálgama de gente diferente na universidade, de várias regiões, outros países, com diferentes costumes. Contactar e conhecer adiversidade irá dar-vos uma perspectiva mais abrangente do mundo plural em que vivemos.

5. Mantenham-se activos. Dentro e fora das aulas há sempre actividades, projectos e ideias à espera de alguém para lhes deitar a mão. Tudo o que vale a pena requer trabalho, nunca é demais repetir isto. E sejam pacientes. A paciência é o mais árduo dos cultivos. Mas é certo que também gera os melhores frutos.

Não se fiquem pela mediocridade pois esta é vossa rampa de lançamento para o futuro. Até agora isto foi a feijões. O jogo a sério começa a seguir. E o “a seguir” chega muito mais rápido do que imaginam.

Crónica publicada no ComUM Online.

terça-feira, maio 18, 2010

A Música e as Letras

Com muito atraso, aqui está a minha última crónica publicada:

Não é incomum ouvir algum músico jovem dizer que não canta em português. Atrevo-me a afirmar que serão uma boa maioria. Alguns dirão que estão mais habituados a ouvir música em inglês. Outros, mais ousados, gritarão aos sete ventos que é em inglês que sentem aquele “feeling”, aquela cena de artista.

Desengane-se quem acha que vou declarar o meu desprezo por estas pessoas. Pelo contrário, até acho que fazem muito bem. Afinal de contas, o risco de sair parolice se tentassem pela via lusa era muitíssimo superior. É um favor que nos fazem aos ouvidos.

Mas então, porque é que isto acontece? Porque é que a nossa língua é tantas vezes remetida para segundo plano?

Recordo-me de ter lido, em tempos idos, num artigo de uma revista estrangeira, uma frase bastante interessante. Cito de memória: “Em Portugal, considera-se quase um crime não escrever bom português”. Haveria aqui, claramente, exagero, não fosse o texto uma análise sobre três escritores nacionais. A verdade é que o português é uma “língua de doutores”, apesar de as pessoas não lhe darem o crédito que merecem. O nível de dificuldade, para fazer uma letra de uma canção decente, é extremamente superior à sua congénere anglo-saxónica.

Há dois factores que complicam, especialmente, os compositores portugueses: a falta de musicalidade natural da língua e a dificuldade em rimar sem soar forçado e/ou saloio. A nossa língua está cheia de palavras grandes em frases longas, complicando a métrica e os versos. A conjugação dos verbos também tem as suas particularidades, com os singulares às turras aos plurais, com os tempos metidos ao barulho. É preciso unhas para isto. É preciso garra.

Esta manifestação quase literária da música está patente naquela que é nossa criação musical mais conhecida, o fado. Quem alguma vez o cantou apercebe-se, rapidamente, que há algo deveras invulgar nele. Se precisasse de uma analogia para explicar a alguém o que é o fado, escolheria, sem dúvidas, o rally. As semelhanças são várias. É preciso dar muita mais atenção à técnica do que à força, preterindo a intensidade ao detalhe, ao ritmo. É difícil encontrar estilo em que as pausas façam tanta diferença.

Muito estudo e leitura são as duas componentes essenciais para escrever boas letras em português. E é preciso mais boa música portuguesa e em português. É que, para fazerem rimas no infinitivo à quadra antonina, mais vale investir em canas e anzóis.

PS: Para terem ideia de como os portugueses estimam o que é seu, comparem a quantidade de informação da página sobre Amália Rodrigues com a da Britney Spears, na Wikipedia em português.

Crónica publicada no ComUM Online.

quarta-feira, abril 14, 2010

Cultura Portuguesa e a Internet II

Depois de andarem aqui e aqui a dizer que o desenrascanço é um atributo fundamental do portugueses, parece-me estranho que os portugueses estejam menos embrenhados na Internet do que deviam. Tendo em conta que este hábito de estar pouco preparado é dominante, este método será menos desvantajoso num meio online, onde os custos são bastante reduzidos. As empresas portuguesas deviam apostar freneticamente na Internet, criado produtos e serviços de curta duração.

Podemos considerar um exemplo perfeito deste género de produtos os jogos da Zynga para o Facebook. O Farmville acaba por ser o expoente máximo deste género, sendo o jogo mais popular. Se analisarmos atentamente este fenómeno, é fácil perceber que, em qualquer uma destas aplicações, o interesse do jogador médio deverá rondar os 6 meses, sendo que os conteúdos de cada programa se começarão a tornar extremamente redundantes e repetitivos a partir daí (Nota: Todos estes jogos funcionam na base da repetição, mas existe o ponto em que atinge a náusea e o jogador aborrece-se). O Farmville poderá ser muito prejudicado, dentro de algum tempo, devido ao motor de jogo (Flash), pois este não tem capacidade para comportar muitos elementos dinâmicos, levando a que o ambiente de jogo nas "quintas" super-populosas seja fortemente condicionado. Não quero com isto dizer que o jogo desaparecerá em pouco tempo. Apenas me parece evidente que, a menos que haja uma mudança de suporte, os jogadores mais veteranos comecem a deixar de jogar. Mesmo que isto aconteça ainda estará em crescimento durante mais um ou dois anos.

Acredito que Portugal poderia, perfeitamente, ter um ou mais pólos dedicados ao desenvolvimento de conteúdos para a Internet. O Silicon Valley português. Poderíamos chamar-lhe Campus Desenrascanço, se quisessem,. Mais sobre isto num post futuro.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Cultura Portuguesa e a Internet I

A sede europeia do Facebook é em Dublin. Os políticos portugueses ainda não perceberam que com impostos altos, burocracia enervante e Justiça a brincar, nunca iremos atrair empresas deste género.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Na Pastelaria

Fulano entra numa pastelaria. Dirigindo-se ao balcão, entabula conversa com o funcionário:

-Boa tarde. Têm croissants?

-Hum… Sim, temos uns coisos.

-Ah? Têm croissants ou não?

-Temos assim uns bolos.

-Mas são croissants?

-São assim mais ou menos… Sim, temos croissants.

-Então quero um misto e uma meia de leite.

-Meia de leite… Certo. Pode pagar já? Funcionamos com pré-pagamento.

-Não há problema.

-Levo já à mesa.

O funcionário chega, passados 10 minutos, com um bolo disforme e um café.

-Desculpe mas não foi isto que pedi.

-Não pediu um croissant?

-Sim, mas isto parece um bolo mal parido.

-Mas é um croissant.

-E o café?

-Repare que uma meia de leite leva café. Tomei a liberdade de trazer só metade, visto que o leite está em falta.

-Que caraças. E este bolo tem manteiga? Eu pedi com queijo e fiambre e traz-me… margarina?!

-Eram umas sobras que tinha ali do estrugido que fiz ao almoço.

-Mas o senhor está doido? Eu quero o meu dinheiro de volta!

-Não posso devolver.

-Mas então porquê?

-Porque você não tem fome. Você quer é um curso.

-Perdão?

-Isto é uma alegoria. Você está numa instituição de ensino superior, não numa pastelaria. O seu bolo mal amanhado representa aquelas cadeiras que você não precisa para nada. Contudo, são muito úteis para os professores que andam cá a dar água sem caneco e precisam de ter o horário completo. O seu café-projecto-de-meia-de-leite foi o curso que levou uma machadada devido a Bolonha. Vai para casa só meio doutor ou lá o que é. Escusado será dizer que o pré-pagamento é o seu dinheiro e dos contribuintes que entra nos nossos bolsos só porque anda cá.

-Mas isto é indecente!

-Ei! Cuidado com a língua! Acha que tirar um curso universitário é como ir à pastelaria comer um bolo?

-Claro que não. Na pastelaria dão-me o que peço.

Fulano fulo sai da pastelaria e bate com a porta.

Cai o pano.


Crónica publicada no ComUM Online.

domingo, novembro 22, 2009

Da Expectativa

O programa Ídolos já esteve mais na ribalta do que nos tempos que correm, no entanto, ainda possui a sua quota-parte de atenção mediática. Milhares de pessoas correram para as filas dos locais de acolhimento, desejosas de impressionarem o júri do pré-casting (sim, existe uma selecção prévia), de forma a poderem aparecer na televisão.

Depois faz-se a captação de talentos. Uns têm, outros nem tanto. Ainda há o grupo dos que foram aldrabados pela mãezinha, falta-lhes bom senso, sofrem de distúrbios mentais, todos os anteriores mais tempo de sobra nas mãos.

Por muito interessante que o programa seja, por mais que os finalistas se exponham às luzes da ribalta, um dos factores continua a ser descurado. Que espaço existirá para esta gente no mercado musical português?

Na verdade, o exercício é simples. O leitor tente lembrar-se de um vencedor que tenha tido sucesso como artista a solo. Caso não tenha acompanhado as temporadas anteriores, há um nome que não passa despercebido, pertencendo à concorrente a que mais se assemelhou a um ídolo: Luciana Abreu. Sim, ela não foi vencedora do concurso e, apesar dos seus 1001 clubes de fãs, a sua carreira como cantora a solo é uma miragem, pouco mais sendo que uma sombra da personagem que representou. Cruza-se com o mediatismo, quase exclusivamente, em capas de revistas sociais, devido a boatos sobre a sua vida privada. Apesar de tudo, foi uma das cantoras que mais vendeu em Portugal, como indica a sua página da Wikipédia, com ares de ter sido escrita pelo seu agente.

Por muito exigentes que sejam, tanto o júri como o público, estão sempre reféns dos produtores, que querem uma estrela pop. Ora, Portugal não tem o mercado dos EUA, nem coisa que se pareça. Basta dar uma olhadela no TOP+ para perceber que não há muito potencial de encaixe, para esta gente, entre os grandes do nosso país.

Os hábitos estão enraizados nos consumidores e os lugares reservados aos músicos feitos à medida (D’ZRTs e companhia) pelas produtoras que não estão dispostas a abdicar da sua mina de ouro. Julgo que o facto de alguns antigos finalistas do programa se terem voltado a candidatar é prova suficiente do que digo. Meninos e meninas, se querem ter uma "bandinha" comecem já a trabalhar. Não é com concursos que lá vão.

O alvoroço provocado pelo novo romance de José Saramago tem preenchido páginas de jornal e causado sensação pelos quatro cantos da nação. A hierarquia católica anda indignadíssima, e os comentadores da praxe dividem-se entre hossanas e vitupérios, todos eles bastante excitados com a polémica.

Façam-me o favor de ler o livro e depois digam se justifica a histeria. Começo a pensar se muita gente não falará só para não estar calada.

PS: O livro nem é bom nem mau, ficando na classificação intermédia de “castiço”.


Crónica publicada no jornal ComUM Online.


segunda-feira, agosto 10, 2009

Public Enemies



Vou ser frontal: este filme é fraco. Apesar da excelente prestação dos actores, o guionista terá feito um mau trabalho. Péssimo, se imaginarmos o potencial que esta história poderia ter.

O principal problema do enredo passa pela pouca atenção dada às personagens, sendo este fenómeno mais evidente nos protagonistas da história. Muito mais poderia ser mostrado da história das personagens, numa tentativa de criar empatia entre elas e os espectadores. Dei por mim, aproximadamente a meio do filme, a não ligar patavina ao que acontecia às personagens, esperando, em vão, que se sucedesse algo de cativante

Michael Mann não desilude nas cenas de acção, pecando, apenas, quando utiliza o seu estilo tão característico de filmagem em situações mais calmas, onde o balouçar da câmara induz a pouco mais que a dor de cabeça. O efeito é, contudo, estranho. Certas imagens "outdoors" pareciam saídas de uma qualquer telenovela brasileira, algures no meio da Amazónia.

Resumidamente, o filme não passa de meia dúzia de assaltos a bancos e de ocorrências na vida de John Dillinger, Billie Frechette e Melvin Purvis, vagas e desconexas. Apesar da componente histórica, relacionada com a fundação do FBI, estar mais ou menos bem conseguida, é insuficiente para agarrar a atenção.Apenas o final da narrativa poderá despertar algum interesse pela forma como é apresentado, mas, como já foi dito por outro crítico, já chega tarde demais.

O filme mais aborrecido que vi nos últimos anos, apenas ultrapassado pela nulidade que foi o último filme dos Ficheiros Secretos. Recomendado a quem sofre de insónias.


segunda-feira, julho 27, 2009

Inanidades

Discuti, aqui, com o Rui Afonso, a (im)pertinência destes três blogues: Simplex (PS), Jamais (PSD), Rua Direita (CDS).

A minha visão pessimista resulta de vários sintomas que já se evidenciam. O Simplex foi uma das bandeiras do governo PS, resultando em algumas boas ideias e umas outras tantas que não passaram de declarações de intenções. Eu aconselharia um nome mais neutro para um blog deste género. Este tipo de rótulo dá logo um ar de seguidismo partidário acrítico, que vai acabar por ser, na minha opinião, o tipo de contribuição deste blogue.

O Jamais, do título ao template, é uma anedota. É um blogue típico da oposição. O que me preocupa é que costumava associar este estilo ao BE, recheado de folclore circence, que é como quem diz "palhaçada". O Jamais é o espelho do PSD enquanto oposição: muito riso, pouco sizo. O blogue volta-se mais para a caricaturização do governo, em vez de apresentar propostas. A política portuguesa atingiu o patamar mental de uma pré-primária.

O Rua Direita, francamente, ainda não percebi bem o que é. Ao contrário dos outros dois, ainda só lá tem um único post, publicado ontem à noite. É claro que o excesso de conteúdos pode ser algo prejudicial à discussão, como referi aqui, mas convém não perder o comboio. De qualquer das formas, o debate é a menor preocupação de todos estes senhores.

A nível técnico só posso demonstrar repúdio, pois o alojador de blogs do Sapo é das piores coisinhas que por aí anda.

Debater implica admitir erros próprios, rever, melhorar e descartar conceitos, dar espaço de opinião aos opositores, ser aberto a novas ideias. Nada disto irá acontecer. No máximo, vão apenas apontar algum erro, mero detalhe, na campanha dos candidatos que apoiam, para darem uma ideia de isenção, estilo "uma no cravo, outra na ferradura".

Sinceramente, parece-me tudo um exercício de masturbação intelectual, tão cara às nossas elites de políticos e treinadores de bancada. Se cada um contribuísse no seu blogue próprio, o resultado seria mais satisfatório. Mas posso estar enganado. Até Setembro ainda vai correr muita água debaixo da ponte. Vamos lá ver quem se afoga primeiro.

domingo, maio 10, 2009

Da Argumentação II

Dei por mim a ver o Eixo do Mal, na SIC Notícias. Atónito, descobri que o Daniel Oliveira é fervoroso apoiante de touradas(!). Até aqui tudo bem. Depois descambou. Porquê? Porque se deve defender as touradas visto que são "uma tradição e já existem há milhares de anos". Ninguém se insurgiu na mesa.

Portugal não é, propriamente, um dos sítios com mais respeito pela argumentação. Experimentem discutir qualquer assunto minimamente sério, à mesa, com a família, num Domingo. Recomendo o uso de capacetes.

Infelizmente, este mau hábito chega até aos programas televisivos e às figuras públicas que neles participam, passando daí para os incautos espectadores. Ora, dizer que algo é tradição e que já existe há muito tempo, para começar, é uma e a mesma coisa. Aliás, é tradição precisamente porque é um costume passado de geração em geração, necessitando de um espaço alargado de tempo para se enraizar nos costumes.

Mas o maior problema nem sequer está aqui. Daniel Oliveira não usou um único argumento válido para defender as touradas. Outras "instituições sociais" duraram muitos mais anos e foram extintas na mesma. Só a título de exemplo, a escravatura e, antes desta, o canibalismo. Depois há toda uma panóplia de coisas que vão desde queimar hereges em fogueiras, até dizer que uma mulher que perca a virgindade, antes do casamento, foi desonrada. Daí não perceber o que é que o facto de algo ser tradição ter a ver com a manutenção da mesma.
Mas é sempre bom saber que os cronistas da nossa praça continuam em forma para educar o povo.

sábado, abril 11, 2009

União Europeia e Democracia I

Durante uma conversa com este sujeito (que anda a apanhar os tiques do Rocha em estar sempre a mudar os templates...), tive a ideia de lançar uma discussão acerca da União Europeia e se esta é, ou não, uma instituição democrática. Dou de barato a minha opinião: não é. Mas desengane-se quem pensa que esta é uma opinião moralista. Não me importo que a UE não seja uma instituição democrática. Apenas me incomoda o falso rótulo.

Antes de começar a descrever as várias razões com que formei o meu juízo, queria deixar um excerto de um texto do Gabriel Alves, do Blasfémias, sobre o assunto:
Por outro lado, aos deputados cabe apenas concordar ou não com tal escolha. Em caso negativo terão de aguardar por outro candidato escolhido pelo Conselho Europeu. Portanto, recomenda-se que alguns candidatos estudem e aprendam como funciona a UE e não se ponham a sonhar com coisas inexistentes, como seja a de manifestarem desejos de apresentarem o «seu» candidato. Fica um bocado mal tal insistir em tal disparate.»

Próximo post: os órgãos de soberania da UE.

domingo, novembro 23, 2008

Deseducação III

Notícia no JN:

Escola da Póvoa de Varzim olhada como a "fura-greves"

Na Escola EB 2,3 de Beiriz, na Póvoa de Varzim, o processo de avaliação decorre com normalidade e dentro dos prazos.

Não há manifestações de professores, nem protestos de pais. Aos alunos, o caso quase passa ao lado. Mas aqui ser "diferente" dá direito ao olhar "reprovador" dos vizinhos e, por isso, a escola prefere agora o silêncio.


A escola é ostracizada porque funciona bem. Genial.

Acho que foi atingido o ponto sem retorno, em que os sindicatos tem o único e declarado (descarado?) objectivo de evitar uma maioria absoluta, seja de que partido for, nas próximas eleições. Como é sabido, quanto mais dependente estiver um governo, mais vantagens obtêm os poderes corporativistas. Um governo sem maioria absoluta em 2009 será comido de sobremesa por organizações deste calibre. E acho que este é mais um caso flagrante e infeliz em que se põe os interesses de meia dúzia à frente do futuro do país. Lamentável.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Deseducação II

Encontrei um texto interessante sobre o meio em que os "nerds" se desenvolvem no Ensino Secundário. O autor descreve a realidade liceal Norte-Americana, porém, parece-me que há certos paralelismos com o ensino português, principalmente na parte em que o autor refere a quantidade de coisas inutéis ou mal ensinadas nas escolas. Para quem tiver paciência, fica aqui o link.


quarta-feira, setembro 10, 2008

Deseducação Portuguesa I

Fui confrontado com uma notícia aterradora. 

Criminalidade violenta?

Não. Pior.

Pior?! Raptaram uma criança inglesa na praia da luz?!

Também não é preciso exagerar...

Portugal tinha 9% de analfabetos em 2001. Estamos a falar de aproximadamente 900 mil pessoas que não sabem ler/escrever. Estamos a falar do século XXI. Estamos a falar de um país da União Europeia.
Claro que podemos todos agradecer ao Dr. Oliveira & Companhia por este fabuloso legado.
Curiosamente, somos dos países que mais investem em educação, em percentagem do PIB.
É interessante analisar toda a estrutura da nossa «deseducação» para compreender uma das principais razões pelas quais «isto não anda para a frente»:  um terço com o ensino básico, 15% (desses 33%) completaram o ensino secundário e 8,6% (desses 15%, obviamente) com formação superior.
Tendo isto tudo em conta, é de uma extrema importância começar a pensar se mais umas toneladas de alcatrão para fazer autoestradas é algo absolutamente necessário.
O desenvolvimento e a educação andam de mãos dadas. Porém, não é com «paixão» que lá vamos. Só com muita ponderação e, sobretudo, duras reformas, é que a Educação portuguesa avança. Esse salto só pode ser efectuado com a ajuda de todos, professores, pais e alunos.
Irei dedicar alguns post a assuntos como o cheque-ensino e a autonomia escolar, tentando compilar algum conhecimento útil sobre o assunto. Para que, em 2011, a vergonha nos censos não se repita. E só falta um ano para as legislativas e três para 2011... Como diria António Guterres: é fazer as contas.

domingo, março 09, 2008

A Seriedade e o Anonimato

«O nosso pai sempre disse que rir era o melhor remédio. Talvez tenha sido por isso que alguns de nós tenham morrido de tuberculose.» - Jack Handey

Há quem se aleije ao ser engraçado. O caso da hipotética censura ao professor Daniel Luís já teve a sua quota-parte de fama através dos opinion-makers de serviço. Em jornais e em blogues foram apontados dedos à censura, esse mal antigo que tem vindo a ganhar notoriedade na praça pública. Porém, do exercício do humor pouco se falou. Algo estranho, visto que, o humor não é coisa de somenos, ou não teriam «aconselhado» um professor a diminuir o tom ou mesmo a parar com as suas graçolas. Um aconselhamento que poderia ter ido, pelo que se diz, até às últimas consequências. Algo grave, portanto.

Os humoristas, na presença de microfones esgrimidos por jornalistas, são habitualmente questionados acerca dos limites do humor, esse ser aparentemente imenso e incómodo (imensamente incómodo?). Estas perguntas pendem, na maioria dos casos, para o respeito pelas religiões, o direito à imagem pública, etc. Os entrevistados conseguem desembaraçar-se facilmente destas perguntas. Mas, o que acontece se o humorista estiver dependente de uma entidade patronal intransigente? Deve enfrentar as pressões ou dedicar-se a passatempos mais «saudáveis»?

É sabido que vivemos numa sociedade predominantemente engravatada. Muitas pessoas são, elas próprias, lugares-comuns da sabedoria e da austeridade. Ainda passa muito a ideia que alguém mais espevitado ou diferente é, invariavelmente, palerma. “Tiques fascistas”, dirão alguns. Discordo. Ainda não percebo como é que alguns líderes esquerdistas se levam tão a sério. A Direita e a Esquerda não são para aqui chamadas. Estamos é pouco habituados a ser livres, principalmente na parte dos outros serem livres. Quando incomodados por algo, reagimos, instintivamente, tentando calar a fonte da perturbação, principalmente, se esta origem está ao nosso alcance ou, melhor (pior?) ainda, sob a nossa alçada. Respeitinho, um sinónimo usual para medo e subserviência, é que é bonito.

O anonimato, um dos maiores flagelos da Internet, no que à prática do insulto grátis diz respeito, pode ser uma bênção nestas situações. É possível para um autor ter muitos leitores assíduos dos seus conteúdos sem arriscar a pele. As novas tecnologias permitem-no, a um custo muito baixo. Talvez tenha sido esse o erro do professor Daniel. Podendo ser um tipo «às direitas» em público e um agitador sem rosto nas horas vagas, optou pela crença na tolerância das gentes. Erro crasso, pelo menos enquanto a Moral e os Bons Costumes andarem por aí a fazer campanha eleitoral…


quinta-feira, julho 26, 2007

O Aprendiz de Feiticeiro

Nestas férias, que prometem ser as mais curtas e aborrecidas de sempre, deu-me para dissertar sobre o último fenómeno de popularidade: o último livro da saga Harry Potter. O enredo e a escrita não são propriamente pilares na história da Humanidade, mas pode-se dizer que tem o seu "quê" de interessante. Confesso que ainda não li nem o último nem o penúltimo livro, por manifesta falta de tempo. A "grande questão" que a maioria dos fãs levanta é a seguinte: será que aquela "carniceira" tem coragem para "matar" o rapaz, no fim?

A pergunta, em si, é pertinente, porque as histórias, principalmente as são orientadas cronologicamente, ou seja, têm início numa data e terminam linearmente numa data posterior, são fortemente condicionadas e definidas pelo desfecho, uma espécie de "moral". Uns, movidos pela ideia do livro infanto-juvenil, acreditam que o Bem triunfará sobre o Mal e o vilão acaba por ser fortemente sovado, os protagonistas casam-se, têm dezenas de filhos e vivem felizes para sempre num paraíso cheio de borboletas. Outros, mais acautelados pelos "assassinatos" protagonizados pela autora em relação a algumas personagens de relevo, apontam a morte do jovem feiticeiro e da risada final do Lord Voldemort.

Na minha opinião, nem uma nem outra são, de todo, interessantes. A primeira hipótese peca pela banalidade, afinal de contas, praticamente todas as histórias acabam mais ou menos desta forma. Extremamente aborrecido. A segunda é ligeiramente mais incomum, mas já toda a gente está à espera deste desfecho. Sendo apologista de finais surpreendentes acho que o melhor final possível seria a que o Harry matava Lord Voldemort e tomava o seu lugar do "lado negro da Força". A profecia era cumprida, as criancinhas e os pais pela decência ficavam escandalizados, era inovador e lançava o debate entre as propensões pessoais para o Bem ou para o Mal. Vejamos se há coragem para tal...

terça-feira, julho 10, 2007

Showbiz


Assisti, incrédulo, a algumas passagens televisivas dos eventos que decorreram no passado sábado. Refiro-me, como é claro, ao Live Earth e à eleição das novas 7 Maravilhas do Mundo. Dificilmente me conseguirei lembrar de dois directos tão foleiros como aqueles. Viu-se de tudo, uma mistura intragável de "paleio" politicamente correcto, parolice, programa da manhã, intervenções ridículas e Catarina Furtado. É dose. Ia esquecendo-me da pior interpretação de sempre do clássico "What a Wonderful World" do Louis Armstrong. O homem deve estar às cambalhotas na campa.


Mas, devo salientar que o que mais me enervou foram as declarações de um "guru" da música portuguesa, mais concretamente aquele grande senhor que se autodenomina "Karkov".
O senhor Karkov, vocalista dos Blasted Mecanism, apresentou o seu ponto de vista do costume: o Homem tem de deixar de ser tão mesquinho em relação ao dinheiro e viver em maior sintonia com a Natureza. Um Homem Metafísico, diz ele. Qual é o problema aqui? Filosofias "pseudo-zen" (um adjectivo da minha autoria) é o que não falta, hoje em dia. Escabroso é o facto de, há uns dois meses, estes meninos terem feito um contrato qualquer com a Vodafone, uma multinacional cheia de graveto, chegando até a entrar num spot televisivo. É a verdadeira doutrina do "Cravo & Ferradura". Diz-se uma coisa e faz-se outra. Isto não é uma crítica aos músicos que querem ganhar a vida. É mesmo contra a hipocrisia.

terça-feira, maio 15, 2007

Ilações sobre o 25 de Abril

Um post que veio muito, mas muito, atrasado:

O 25 de Abril é um dia bonito se não chover. Choveu, o que é lamentável. Já não há piqueniques para ninguém. Uma pena. Porém, a ausência de salgadinhos no estômago faz-nos pensar um pouco na Vida e nas pessoas. O que é, hoje, o 25 de Abril e o que foi a Revolução? Qual é o preço da liberdade? Isto é assunto de algibeira para programas como o "Prós e Contras" e aqueles magníficos "talk-shows" matutinos. E os tais que baixaram as orelhas? E os outros (canhotos) que ainda hoje se valem daquilo que (supostamente) fizeram? O pasquim de serviço da Universidade do Minho deu-se ao trabalho de demonstrar a ignorância que grassa nos corredores das instituições do ensino superior inquirindo os alunos sobre a História referente a esta data. Muito se diz, pouco se sabe.

A verdade é que duas forças políticas - barulhentas, mas diminutas - costumam polir armas nesta altura, tentando demonstrar que não andam a dormir. Refiro-me aos nacionalistas e aos autodenominados “antifascistas”, eufemismos usados para denominar alguns membros da extrema-direita e da extrema-esquerda, respectivamente. O que é que se passou, então? O MFA entra em acção, os “mauzões” vão-se embora, o povo rejubila, o povo é quem mais ordena. Porém, muitos foram os que sofreram em silêncio e tiveram de aturar a Liberdade, a pouca-vergonha, a droga, os maricas e a restante escumalha que aí anda. E todos os anos acendem uma vela em memória do “velhote”. Como o mundo inteiro deve ser confuso na cabeça deles. Eles, que sempre foram ensinados a pensar pequenino e direitinho, tinham de usar a própria cabeça. Ser inteiramente responsável pelo próprio destino é perigoso. O Zé Povinho ainda se aleija. Antigamente é que era! Respeitinho é que é bonito...

E os outros, os vermelhinhos? Andam aí de bandeira em punho, sempre para trás e para a frente, à procura desses “fachos” que andam escondidos a planear um tal de “branqueamento”. Anunciam manifestações em cada esquina e dizem que os meios de comunicação estão a ser manipulados pelos meninos das fardas que mantiveram este país na ditadura cerca de meio século. É compreensível que estejam angustiados. Afinal, depois de tanto tempo a lutar contra uma ditadura, na esperança de instalar um “negócio” próprio, vem a Democracia e já não há festa para ninguém. Basta dar um euro e tal pelo Avante e ler o estado de desespero desta gente. Chega a ser palpável.

A política em Portugal descreve uma Curva Normal com um cadáver pendurado em cada ponta, Cunhal no lado Esquerdo, Salazar no Direito. Duas procissões cheias de pessoas saudosas e irritadas. Pessoas crédulas e esperançadas. Vivemos num país de crianças fantasiosas. Alguém quer crescer?

segunda-feira, outubro 16, 2006

Ensaio II

-TE MT


Na via rápida passando por baixo dum viaduto, ficam para trás letras pintadas no betão, perdidas no tempo: -TE MT. A pergunta é incontornável: -te mt o quê? Eis o mistério residente. Uma questão implícita em cada um de nós. Um sujeito camuflado e um complemento directo. Nada de predicado. Que predicam vocês, e por quem? Neste rascunho estão todas as possibilidades: amo-te, odeio-te, ignoro-te. Personalizem as vossas escolhas, plantem apostas, a tinta persistirá por muitos anos, mas o destinatário não. Sejam lestos e certeiros. O hábil pintor inconsciente do seu crime, reuniu numa só expressão, a certeza dos convictos, a dúvida dos inseguros e o pesadelo dos solitários. É esta a sua dádiva, é esta a sua cruz. Haja ajuda no Reino dos Céus, que cá em baixo é cada um por si...


domingo, outubro 01, 2006

O Muro (actualizado)

Camaleonicamente, vou rebater-te sem cessar. Os meu olhar será espelhado e a cada grito teu ouvirás igual resposta, em eco. Como jogar ténis contra um muro. Não podes ganhar, não podes empatar. Só desistir e perder. Vais derrotar-te e não vai ser bonito. Do teu sangue obterás de beber e tempero para a comida. Alimenta o espírito para futuras batalhas, que só são poucas e ténues para os fracos. De que raça és? Quem te acompanha, a Vida ou a Morte? Precisas de te derrotar para descobrir essas respostas. Continua a jogar. Luta. Ou então olha para outro lado e esquece. Mas aí não serás mais que brisa, que é agradável para quem transpira. Mas ninguém transpira sempre. Há coisas melhores que a brisa. Qualquer um consegue brisa. Tu consegues ser mais. Se conseguires, eu perdoo-te. Até lá, vou jogando contra outros...


Jacinto Cardoso