É claro que as "ferramentas mentais" necessárias para desmontar esta farsa não estão ao alcance de todos. David Justino, antigo ministro da Educação, descreveu, no seu livro "Difícil é Educá-los", algumas características dos alunos portugueses referindo-se, neste capítulo, aos resultados dos testes PISA (destaques meus):
Ainda que centrados sobre as disciplinas de Matemática e Português, esses problemas (presentes nos testes) tendem a identificar determinado tipo de aprendizagens que são extensíveis às restantes disciplinas.
Em primeiro lugar, destaca-se o facto de os alunos portugueses apresentarem melhores resultados nos saberes que exigem menor elaboração cognitiva, ou seja, onde se limitem a reproduzir conhecimentos, a aplicar procedimentos de carácter rotineiro e a recorrer a raciocínios simples. As dificuldades identificam-se ao nível da capacidade de desenvolver raciocínios mais complexos, na resolução de problemas, especialmente quando têm de aplicar os conhecimentos adquiridos a situações menos usuais.Todos os estudos revelam que os alunos portugueses conseguem melhores resultados nos itens que testam os conhecimentos adquiridos, no domínio de procedimentos e na compreensão dos conceitos utilizados. Pelo contrário, as dificuldades surgem na compreensão de textos não narrativos, na interpretação e resolução de problemas matemáticos e na capacidade de raciocínio complexo, desde a análise à síntese ou ao raciocínio inferencial.No caso da matemática, essas dificuldades aumentam quando se trata de questões relacionadas com a geometria e a visualização e o estudo das formas no espaço, ou no caso das fracções em comparação com os resultados obtidos com os números inteiros. A capacidade de abstracção é claramente mais reduzida.