Hoje presenciei a primeira alvorada anual na Póvoa de Varzim. A cidade despertou envolta em brumas enquanto as gaivotas se reuniam espalhafatosamente na praia. Resolvi sumariar os planos que engendrei. Talvez o que se sucedeu tenha sido inevitável (tal como tudo o que alguma vez aconteceu). Continuo a pensar que as coisas não acontecem por bem ou por mal, mas exactamente como estavam previstas. A constatação do óbvio serviu como facada na alma. Imaginem apenas um espelho que representa o ser. Após ser golpeado por uma faca estilhaça-se, ficando dividido em três partes que são entidades distintas. Eu chamo-lhes “As Metamorfoses do Ser”.
O mais velho, Alfredo Novais, homem das ciências, é uma pessoa calculista, desapontada, desprovida de esperanças para a Vida. No meio temos Jacinto Cardoso, eterno pensador, professor e filósofo, é o mais moderado dos três, encara a existência como uma fardo, divaga flutuando na abstracção. Por último temos Golias Ferreira, o mais jovem deles, poeta e trovador, canta com uma fúria ígnea a Vida e o Amor, tendo perecido por causa deste último. Sem mais nada a acrescentar, despeço-me…
1 de Janeiro de 2005
1 comentário:
Tantos heterónimos :)
xxx
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