Um post que veio muito, mas muito, atrasado:
O 25 de Abril é um dia bonito se não chover. Choveu, o que é lamentável. Já não há piqueniques para ninguém. Uma pena. Porém, a ausência de salgadinhos no estômago faz-nos pensar um pouco na Vida e nas pessoas. O que é, hoje, o 25 de Abril e o que foi a Revolução? Qual é o preço da liberdade? Isto é assunto de algibeira para programas como o "Prós e Contras" e aqueles magníficos "talk-shows" matutinos. E os tais que baixaram as orelhas? E os outros (canhotos) que ainda hoje se valem daquilo que (supostamente) fizeram? O pasquim de serviço da Universidade do Minho deu-se ao trabalho de demonstrar a ignorância que grassa nos corredores das instituições do ensino superior inquirindo os alunos sobre a História referente a esta data. Muito se diz, pouco se sabe.
A verdade é que duas forças políticas - barulhentas, mas diminutas - costumam polir armas nesta altura, tentando demonstrar que não andam a dormir. Refiro-me aos nacionalistas e aos autodenominados “antifascistas”, eufemismos usados para denominar alguns membros da extrema-direita e da extrema-esquerda, respectivamente. O que é que se passou, então? O MFA entra em acção, os “mauzões” vão-se embora, o povo rejubila, o povo é quem mais ordena. Porém, muitos foram os que sofreram em silêncio e tiveram de aturar a Liberdade, a pouca-vergonha, a droga, os maricas e a restante escumalha que aí anda. E todos os anos acendem uma vela em memória do “velhote”. Como o mundo inteiro deve ser confuso na cabeça deles. Eles, que sempre foram ensinados a pensar pequenino e direitinho, tinham de usar a própria cabeça. Ser inteiramente responsável pelo próprio destino é perigoso. O Zé Povinho ainda se aleija. Antigamente é que era! Respeitinho é que é bonito...
E os outros, os vermelhinhos? Andam aí de bandeira em punho, sempre para trás e para a frente, à procura desses “fachos” que andam escondidos a planear um tal de “branqueamento”. Anunciam manifestações em cada esquina e dizem que os meios de comunicação estão a ser manipulados pelos meninos das fardas que mantiveram este país na ditadura cerca de meio século. É compreensível que estejam angustiados. Afinal, depois de tanto tempo a lutar contra uma ditadura, na esperança de instalar um “negócio” próprio, vem a Democracia e já não há festa para ninguém. Basta dar um euro e tal pelo Avante e ler o estado de desespero desta gente. Chega a ser palpável.
A política em Portugal descreve uma Curva Normal com um cadáver pendurado em cada ponta, Cunhal no lado Esquerdo, Salazar no Direito. Duas procissões cheias de pessoas saudosas e irritadas. Pessoas crédulas e esperançadas. Vivemos num país de crianças fantasiosas. Alguém quer crescer?
Canções com meio século (1365)
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*Emmanuelle*, Pierre Bachelet
(Single: *Emmanuelle*, 1974)
Há 21 minutos
3 comentários:
Talvez pela nossa vertente latina(ou mesmo pelo infeliz facto dos países serem, na sua maioria, constituidos pela populaça que é saloia), arreigamo-nos mais a quem nos desperta paixões e convicções espontâneas e fortes.
Tal como ditam os tempos modernos, aquilo que deixa uma primeira impressão mais visível é promovido.
como dizia Aldous Huxley no "Admirável Mundo Novo", "não há necessidade de heróis onde todos os homens são livres e iguais".
É o desespero de quem quer lutar por uma causa que já não faz sentido. Uma causa patética, fútil, hipócrita, pretensiosa e acima de tudo perdida...
o amigo do amigo do falha
Só te esqueceste de referir que no topo dessa Curva Normal habita o monstro centrão que os portugueses teimam criticar, diariamente, mas que nos governa desde que ambos os cadáveres foram empurrados para as pontas.
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