«O nosso pai sempre disse que rir era o melhor remédio. Talvez tenha sido por isso que alguns de nós tenham morrido de tuberculose.» - Jack Handey
Há quem se aleije ao ser engraçado. O caso da hipotética censura ao professor Daniel Luís já teve a sua quota-parte de fama através dos opinion-makers de serviço. Em jornais e em blogues foram apontados dedos à censura, esse mal antigo que tem vindo a ganhar notoriedade na praça pública. Porém, do exercício do humor pouco se falou. Algo estranho, visto que, o humor não é coisa de somenos, ou não teriam «aconselhado» um professor a diminuir o tom ou mesmo a parar com as suas graçolas. Um aconselhamento que poderia ter ido, pelo que se diz, até às últimas consequências. Algo grave, portanto.
Os humoristas, na presença de microfones esgrimidos por jornalistas, são habitualmente questionados acerca dos limites do humor, esse ser aparentemente imenso e incómodo (imensamente incómodo?). Estas perguntas pendem, na maioria dos casos, para o respeito pelas religiões, o direito à imagem pública, etc. Os entrevistados conseguem desembaraçar-se facilmente destas perguntas. Mas, o que acontece se o humorista estiver dependente de uma entidade patronal intransigente? Deve enfrentar as pressões ou dedicar-se a passatempos mais «saudáveis»?
É sabido que vivemos numa sociedade predominantemente engravatada. Muitas pessoas são, elas próprias, lugares-comuns da sabedoria e da austeridade. Ainda passa muito a ideia que alguém mais espevitado ou diferente é, invariavelmente, palerma. “Tiques fascistas”, dirão alguns. Discordo. Ainda não percebo como é que alguns líderes esquerdistas se levam tão a sério. A Direita e a Esquerda não são para aqui chamadas. Estamos é pouco habituados a ser livres, principalmente na parte dos outros serem livres. Quando incomodados por algo, reagimos, instintivamente, tentando calar a fonte da perturbação, principalmente, se esta origem está ao nosso alcance ou, melhor (pior?) ainda, sob a nossa alçada. Respeitinho, um sinónimo usual para medo e subserviência, é que é bonito.
O anonimato, um dos maiores flagelos da Internet, no que à prática do insulto grátis diz respeito, pode ser uma bênção nestas situações. É possível para um autor ter muitos leitores assíduos dos seus conteúdos sem arriscar a pele. As novas tecnologias permitem-no, a um custo muito baixo. Talvez tenha sido esse o erro do professor Daniel. Podendo ser um tipo «às direitas» em público e um agitador sem rosto nas horas vagas, optou pela crença na tolerância das gentes. Erro crasso, pelo menos enquanto a Moral e os Bons Costumes andarem por aí a fazer campanha eleitoral…
Recordando alguns dos nossos livros de cabeceira em 2024
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Eu
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José Pimentel Teixeira
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Maria Dulce Fernandes
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Ana CB
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Há 9 horas
3 comentários:
Há o humor e há o achincalhar público que torna um indíviduo numa pária social só porque teve o azar de ser alvo das piadolas de uma ou mais pessoas, de um ou mais grupos.
Falas do Respeitinho, mas também devias falar do Respeito. Referes a Moral e os bons costumes, mas existe algo chamado Ética, seja ela profissional ou na vida privada.
Não há ninguém que tenha o direito a ser humilhado publicamente, para juízos e condenações temos as instituições de Justiça(boas ou más, temo-las).
Acho que não existe ninguém que goste de ver o nome a rojar no chão do vexame público e muitas vezes isso acontece a quem não o merece, lembremos o caso de Robert Murat no caso Maddie, ou os próprios pais da miuda. A Comunicação Social aponta os dedos a alguém e as massas acreditam cegamente nas hipóteses e teorias propostas por ela sem questionarem. Isto difere muito dos tempos em que indíviduos eram condenados à forca, fogueira ou guilhotina e a populaça aplaudia desejosa de ver uma execução pública?
Eu até sou contra isso da sociedade organizada, mas já que vivemos numa, não é sensato respeitarmo-nos uns aos outros?
Nélson, isto fala sobre o humor, não sobre notícias veiculadas na Imprensa. Só aí é que a Ética profissional (ou não) se aplica. É algo completamente diferente. As figuras públicas sabem lidar com isto, é uma das consequências de o serem.
Os pais da Maddie apenas sofreram os efeitos da exposição mediática a que eles próprios se submeteram.
Apenas critico neste texto os termos em que se dirigiram ao professor Daniel por ter um blogue humorístico (bom ou não, isso é lá com cada um).
Já agora, como é que sugeres que se cumpra esse "Respeito"?
Eh que trapalhada aqui vai :S
Bem, eu concordo com o que o Nélson disse, mas de facto não é de jornalismo que o texto fala, é de humorismo, e por muito que, por vezes, a verosimilhança entre ambos seja gritante, a culpa não é do autor [do texto].
Hugo, não sabia que tinhas um blog (imaginava, mas não tinha a certeza). Parabéns, gostei (apesar de ser suspeita para falar).
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