quarta-feira, março 25, 2009

Leituras

"O Outro" de Rui Albuquerque, via O Insurgente.

"Socialismo" de Rui Albuquerque, via O Insurgente.



PS: Nélson, as duas primeiras falam um pouco sobre as questões de princípios que referi num comentário. Dá uma olhada, se fazes favor.

5 comentários:

NJRT disse...

Discordo. Relativamente ao primeiro texto, a metodologia política e visão social de um progressista(socialista/comunista)engloba sempre o valor da solidariedade. Não acreditamos em elites, acreditamos sim que os sectores mais vitais da sociedade devem estar sob escrutínio público e de acesso a todos.

Os progressistas não querem uma maior presença do Estado, por medo, mas porque acreditam que toda a sociedade deve usufruir de certos bens essenciais ao seu quotidiano.

Porque, quer se queira quer não, quando alguma instituição ou sector está sob a tutela do Estado, um Estado de Direito Democrático que se rege pelas regras que cria para toda a gente, essa instituição ou sector está sob escrutínio público, sob escrutínio do total da população, o que não acontece no Mercado.

Enquanto que nas relações com o Estado, o indivíduo assume a categoria de cidadão (com todos os direitos e deveres que lhe são inerentes), no Mercado, o indivíduo assume a categoria de consumidor, categoria condicionada pela quantidade de capital que o indivíduo possui.

O Mercado Livre até pode acreditar na bondade natural do Homem, porém é mestre em criar hierarquias e profundas desigualdades.

Relativamente ao que foi dito sobre a União Soviética, aconselho-te a ler o que foi a condição do povo russo por altura do Império Russo quando os Czares e a burguesia "democrata" lá mandavam.

A União Soviética livrou o seu povo do feudalismo, industrializou-se, instaurou a democracia das sovietes - altura em que o povo escolhia quem os representaria no concelho dos trabalhadores e onde se discutiam os problemas que afligiam a população -, proporcionou ao seu povo direitos e igualdade em 1927, pelos quais ainda andamos a lutar hoje e ainda derrotou a Alemanha Nazi.

pedro romano disse...

«no Mercado, o indivíduo assume a categoria de consumidor, categoria condicionada pela quantidade de capital que o indivíduo possui (...) o Mercado Livre até pode acreditar na bondade natural do Homem, porém é mestre em criar hierarquias e profundas desigualdades.»

Nope. As desigualdades têm diminuído com os mercados livres. A história económica desde 1200 (data mais antiga para a qual há dados) prova isso mesmo.

Já agora, a parte dos rendimentos de capital (e, já agora, das rendas da terra) também tem caído. O crescimento económico sem precedentes desde 1800 tem-se repercutido sobretudo em salários mais altos.

«A União Soviética livrou o seu povo do feudalismo, industrializou-se, instaurou a democracia das sovietes»

E instilou o tipo de propaganda insidiosa que tão bem transparece nos teus comentários. Aliás, com uma sociedade tão perfeita, só se estranha que os movimentos de osmose na cortina de ferro fosse do Leste para o Oeste.

pedro romano disse...

By the way,

«Porque, quer se queira quer não, quando alguma instituição ou sector está sob a tutela do Estado, um Estado de Direito Democrático que se rege pelas regras que cria para toda a gente, essa instituição ou sector está sob escrutínio público, sob escrutínio do total da população, o que não acontece no Mercado»

Não. Os processos decisórios em democracia estão cheios de falhas institucionais. A Teoria da Escolha Pública ilustra bem como é que o sistema de escolha de representantes pode levar ao 'pior do mundos' (Leibniz). Vê: http://en.wikipedia.org/wiki/Public_choice_theory

Já agora, nota que é muito mais legítima uma sociedade que chama cada pessoa a pronunciar-se individualmente acerca de cada ponto de escolha (mercado) do que uma sociedade que chama os eleitores a pronunciarem-se de quatro em quatro anos relativamente a um programa único que não pode ser segmentadamente discutido.

Hugo Monteiro disse...

«Discordo.»

Mau era :P

«Relativamente ao primeiro texto, a metodologia política e visão social de um progressista(socialista/comunista)engloba sempre o valor da solidariedade.»

E essa solidariedade compra-se em cápsulas, é? E que tal pensar, também, que as pessoas são capazes de tomar as decisões mais correctas, por si sós, se a isso forem incentivadas (responsabilidade: recompensa/punição)?

«Não acreditamos em elites, acreditamos sim que os sectores mais vitais da sociedade devem estar sob escrutínio público e de acesso a todos.»

Existem vários conceitos de elites. Para ti, é quem tem o capital. Para mim, é quem tem formação intelectual. Assim não vamos lá. Se passarmos a definir elites como aqueles que detêm o poder (seja capital ou conhecimento, duas formas de poder) já estamos a chegar a algum lado. Agora só tens de me explicar que hipóteses é que um elemento do povo tem de chegar a cargos elevados de representação, num tipo de governo fortemente estatizado. Se reparares, nos "hipotéticos" estados comunistas, o povo sempre foi governado por uma suposta elite: os governantes, em oposição aos governados.

Já agora, e que tal controlar o sector da comida? Mais vital que isso não deve haver. Estou a imaginar um painel de 20 entendidos, por município, para decidir o tamanho, tempo de cozedura, quantidade de ingredientes e quantidade dos pães a serem distribuídos todos os dias. As hipóteses de isto não dar barraco são quase nulas. Aliás, sempre que se tentou fazer coisas destas, deu mesmo.

«Porque, quer se queira quer não, quando alguma instituição ou sector está sob a tutela do Estado, um Estado de Direito Democrático que se rege pelas regras que cria para toda a gente, essa instituição ou sector está sob escrutínio público, sob escrutínio do total da população, o que não acontece no Mercado.»

Ui, é um escrutínio que nem imaginas. Vê lá tu a nossa capacidade de influenciar empresas públicas como a CP ou a Carris. Só para teres ideia, os transportes públicos de Lisboa e Porto passam a vida a terem benesses que são pagas pelo pessoal da "Província", como nós.

"O Mercado Livre até pode acreditar na bondade natural do Homem, porém é mestre em criar hierarquias e profundas desigualdades."

O Mercado Livre não acredita em porra nenhuma, apenas serve para responder a necessidades de forma mais eficiente.

Ainda estou para ver onde pára essa bondade natural do Homem. Andas a ler Jacques Rousseau, por acaso?


Quanto ao resto sobre a URSS, só posso dizer que andas a ler demasiadas enciclopédias revisionistas...

Catarina disse...

sao dos meus livros preferidos esses 3. boa escolha