domingo, novembro 22, 2009

Da Expectativa

O programa Ídolos já esteve mais na ribalta do que nos tempos que correm, no entanto, ainda possui a sua quota-parte de atenção mediática. Milhares de pessoas correram para as filas dos locais de acolhimento, desejosas de impressionarem o júri do pré-casting (sim, existe uma selecção prévia), de forma a poderem aparecer na televisão.

Depois faz-se a captação de talentos. Uns têm, outros nem tanto. Ainda há o grupo dos que foram aldrabados pela mãezinha, falta-lhes bom senso, sofrem de distúrbios mentais, todos os anteriores mais tempo de sobra nas mãos.

Por muito interessante que o programa seja, por mais que os finalistas se exponham às luzes da ribalta, um dos factores continua a ser descurado. Que espaço existirá para esta gente no mercado musical português?

Na verdade, o exercício é simples. O leitor tente lembrar-se de um vencedor que tenha tido sucesso como artista a solo. Caso não tenha acompanhado as temporadas anteriores, há um nome que não passa despercebido, pertencendo à concorrente a que mais se assemelhou a um ídolo: Luciana Abreu. Sim, ela não foi vencedora do concurso e, apesar dos seus 1001 clubes de fãs, a sua carreira como cantora a solo é uma miragem, pouco mais sendo que uma sombra da personagem que representou. Cruza-se com o mediatismo, quase exclusivamente, em capas de revistas sociais, devido a boatos sobre a sua vida privada. Apesar de tudo, foi uma das cantoras que mais vendeu em Portugal, como indica a sua página da Wikipédia, com ares de ter sido escrita pelo seu agente.

Por muito exigentes que sejam, tanto o júri como o público, estão sempre reféns dos produtores, que querem uma estrela pop. Ora, Portugal não tem o mercado dos EUA, nem coisa que se pareça. Basta dar uma olhadela no TOP+ para perceber que não há muito potencial de encaixe, para esta gente, entre os grandes do nosso país.

Os hábitos estão enraizados nos consumidores e os lugares reservados aos músicos feitos à medida (D’ZRTs e companhia) pelas produtoras que não estão dispostas a abdicar da sua mina de ouro. Julgo que o facto de alguns antigos finalistas do programa se terem voltado a candidatar é prova suficiente do que digo. Meninos e meninas, se querem ter uma "bandinha" comecem já a trabalhar. Não é com concursos que lá vão.

O alvoroço provocado pelo novo romance de José Saramago tem preenchido páginas de jornal e causado sensação pelos quatro cantos da nação. A hierarquia católica anda indignadíssima, e os comentadores da praxe dividem-se entre hossanas e vitupérios, todos eles bastante excitados com a polémica.

Façam-me o favor de ler o livro e depois digam se justifica a histeria. Começo a pensar se muita gente não falará só para não estar calada.

PS: O livro nem é bom nem mau, ficando na classificação intermédia de “castiço”.


Crónica publicada no jornal ComUM Online.


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