Não resisti a acrescentar
outro trecho, desta vez num registo mais cómico sobre as relações pessoais. E cheira-me que não será o último.
-O quê? - exclamou Jakub, desta vez deveras surpreendido. -Família? Não queres dizer que casaste?
-Casei, sim - disse Skreta.
-Com Suzy?
Suzy era uma médica das termas, amiga de Skreta havia anos, mas até aqui ele conseguira sempre, no último instante, fugir ao casamento.
-Sim, com Suzy - disse Skreta. - Bem sabes que eu costumava subir todos os domingos com ela ao miradouro.
-Então, sempre te casaste - disse Jakub num tom melancólico.
-Sempre que subíamos ao miradouro - continuava Skreta - Suzy tentava convencer-me de que devíamos casar. E eu ficava tão esgotado com a subida que me sentia velho e tinha a impressão de que, de facto, só me restava casar. Mas acabava por me dominar e, quando descíamos do miradouro, redescobria todo o meu vigor e já não tinha vontade de casar. Mas um dia Suzy meteu por um desvio e a subida durou tanto tempo que eu consenti no casamento antes de chegarmos lá acima. E agora estamos à espera de um filho, e eu tenho que pensar um bocadinho mais no problema do dinheiro. Este americano também pinta imagens piedosas. Seria possível fazer-se uma quantidade de dinheiro com isso. Que achas?
-Achas que há mercado para imagens piedosas?
-Um mercado fantástico! Meu velho, bastava instalar um stand ao lado da igreja nos dias de peregrinação e, se vendêssemos cada peça por cem coroas, seria uma fortuna! Eu podia encarregar-me de as vender e depois dividíamos os lucros a meias.
-E ele estaria de acordo?
-O tipo tem tanto dinheiro que não sabe o que há-de fazer com ele, e o mais certo é eu nunca conseguir convencê-lo a meter-se em negócios comigo... - disse Skreta, com uma praga.
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